A Academia Brasileira de Odontologia do Esporte nasceu em 2012 e tem uma irmã mais velha nos EUA, já com mais experiência e mais história pra contar, pois está ativa desde 1983.
Hoje em dia, auxiliados pelos avanços tecnológicos em equipamentos, mais e mais equipes esportivas profissionais estão prestando atenção às questões da segurança dos jogadores e da saúde dentária por lá.
Para 2018 temos programadas várias novidades e uma delas é um tour por este país (USA) com os "team dentists" de lá, pois acreditamos que podemos aprender bastante com as experiências que eles tem e nos inspirar em um país com cultura esportiva. Certamente isso melhoraria nosso trabalho por aqui.
Pra que isso aconteça e possamos aproveitar ao máximo, a seleção de locais, equipes e entrevistas já começou e já dá pra ir compartilhando um pouco do que eles contam (principalmente as curiosidades) com os dentistas do esporte (e futuros especialistas também) de plantão por aqui ;)
Vamos iniciar com o Dr. Todd Yerondopoulos, que se mantém muito ocupado entre os atendimentos ao Golden State Warriors (basquetebol) e do Oakland Raiders (futebol americano).
Não tem como falar do Warriors se pensar em quantos protetores bucais o jogador Stephen Curry usa por jogo, né?
Quando Yerondopoulos assumiu o cargo que antes pertencia ao Dr. Derric DesMarteau (já falecido), apenas um jogador de basquete profissional usava protetor bucal. Hoje, pelo menos metade dos jogadores da equipe Warriors usam o dispositivo.
Ele conta que agora, "é legal usá-los! Mesmo que, para Steph, é algo para mastigar em vez de proteger seus dentes".
Ele estima ter feito "algumas centenas de protetores bucais" durante os primeiros quatro anos em que Curry entrou para a equipe. Inclusive, um desses protetores foi vendido em um leilão por U$ $ 3.000!!!
Curry brincou uma vez que eles poderiam desistir de seus empregos e ganhar dinheiro apenas jogando-os para os fãs. Mas Yerondopoulos diz que seu trabalho não se limita aos protetores. Comparado ao futebol ou beisebol, as lesões dentárias são mais comuns no basquete - onde os cotovelos batem bastante no rosto e podem envolver os dentes. É ele quem diz definitivamente se um jogador com lesão na boca pode voltar a jogar.
Ele está sempre presente nos jogos, sentado nas cadeiras próximo a quadra, em contato visual com os instrutores para o caso de um atleta apresentar algum problema. Da mesma forma para os jogos de futebol dos Raiders, Yerondopoulos fica à margem, chegando uma hora e meia antes do jogo.
Ele relata que fica de plantão, esperando uma mensagem ou ligação dos treinadores, se um jogador perder uma coroa ou um preenchimento temporário ou precisar de alívio da dor.
Uma de suas histórias de futebol favoritas relaciona-se com um dente perdido. No início do encontro com os Raiders, durante um jogo fora em Chicago, Yerondopoulos recebeu uma ligação em casa enquanto assistia o jogo na TV. Era o ortopedista do time perguntando o que fazer com um dente permanente que avulsionou quando um jogador tomou um golpe. Yerondopoulos respondeu de imediato, "Coloque de volta". Quando o jogador apareceu na manhã seguinte em seu escritório, um de seus dentes da frente era um centímetro mais longo que os outros. Só então Yerondopoulos descobriu que o jogador, sem notificar ninguém do acidente, tentou, sem sucesso, localizar o próprio dente no campo e recolocá-lo no lugar. Os árbitros milagrosamente encontraram o dente, que só voltou para a boca depois do banho do pós-jogo. Histórias como essa demonstram a importância da presença dele no local do jogo.
"Nosso escritório não é tão diferente do consultório dental médio. Nós apenas vemos mais lesões relacionadas ao esporte, como dentes quebrados ou avulsões. Claro que seu nome é mais conhecido, e seus outros pacientes podem ver um atleta sentado na área de recepção."
Com um filho de 11 anos que joga basquete e beisebol, ele oferece gratuitamente protetores bucais para atletas jovens, com o logotipo e cor de sua escolha. "Estamos apenas tentando mantê-los - os jogadores e todos os nossos pacientes - saudáveis e felizes".
E aí? Gostou de conhecer mais da história e do trabalho do Dr. Todd Yerondopoulos?
Eu gostei, mas acho que ele teria bastante coisa para aprender com os dentistas do esporte brasileiros, para expandir mais seu campo de atuação, e parar de focar apenas em emergências. O que acham?
Semana que vem continuamos, com Dr. Mark Nishimura, dentista do time San Jose Sharks.
Até lá!