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Zonas de resistĂȘncia e fragilidade da face

  • Foto do escritor: Clara Padilha
    Clara Padilha
  • 3 de abr. de 2020
  • 4 min de leitura

Este artigo Ă© material de apoio para a disciplina de Odontologia do Esporte da Faculdade de Odontologia da Uniavan.

 

A face Ă© a regiĂŁo mais exposta do crĂąnio e, portanto, mais sujeita a traumatismos provocados por impactos diretos.


PorĂ©m, a face tambĂ©m apresenta zonas de proteção a estes impactos atravĂ©s de pilares ("vigas Ăłsseas") e regiĂ”es de maior espessura Ăłssea, chamadas de zonas de resistĂȘncia, cuja função Ă© proteger ĂłrgĂŁos importantes, como o olhos e estruturas neromusculares e tambĂ©m ĂłrgĂŁos vitais como o cĂ©rebro.



 


A arquitetura dos ossos estĂĄ adaptada as exigĂȘncias mecĂąnicas de tração e pressĂŁo.


Quanto maior a exigĂȘncia mecĂąnica, mais desenvolvimento Ăłsseo temos. Por isso que as regiĂ”es das extremidades Ăłsseas sĂŁo maiores e mais irregulares, devido Ă s inserçÔes musculares que estĂŁo presentes por ali, que "forçam" o osso a se desenvolver para responder Ă  demanda mecĂąnica exigida.


RegiÔes mais sujeitas às forças mecùnica respondem produzindo >>>> região cortical mais espessa ou região esponjosa mais densa.


A força mastigatĂłria Ă© a que mais induz forças no esqueleto facial. Por isso percebemos trajetĂłrias na mandĂ­bula, caracterizando zonas de resistĂȘncia, que sĂŁo induzidas pelos mĂșsculos da mastigação ou pela pressĂŁo exercida pelos dentes no alvĂ©olo durante essa função.


Para relembrar quais sĂŁo os 4 mĂșsculos da mastigação e sua origem e inserção:


MĂșsculos: Masseter, Temporal, Pterigoideo medial e Pterigoideo Lateral


A partir do movimento de elevação da mandĂ­bula, abaixamento controlado e latero-protrusĂŁo que esses 4 mĂșsculos promovem durante a mastigação, trajetĂłrias Ăłsseas vĂŁo sendo formadas nos ossos que se movimentam:


Trajetória Marginal ou Basilar: Ocupa a borda inferior da mandíbula desde a região mentual até a borda posterior do ramo mandibular e o cÎndilo;

Anula principalmente as forças de compressão – justifica espessura.

Trajetória mentual: Região muito reforçada por corticais espessas;

Trabeculado Ăłsseo mais denso da mandĂ­bula: regiĂŁo de anulação de forças de torção causadas principalmente pelos mĂșsculos pterigĂłideos mediais.


TrajetĂłria temporal: Espessamento da borda anterior do ramo mandibular causada por tração do mĂșsculo temporal. Trajeto descendente a partir do processo coronĂłide atĂ© a linha milo-hioidea e linha oblĂ­qua.


Na regiĂŁo fixa da face, temos pilares e arcos de uniĂŁo que representam nossas zonas de resistĂȘncia:


Começamos identificando o PILAR CANINO e o PILAR ZIGOMÁTICO:



O pilar canino inicia no alvéolo do canino e termina na extremidade medial da borda supra-orbital. Observe a sua trajetória lateral à cavidade nasal.


O pilar zigomĂĄtico inicia no alvĂ©olo do 1Âș molar superior e segue atĂ© o osso frontal, passando pela lateral da Ăłrbita. Possui uma "ramificação" sobre os ossos zigoma e temporal, conectando os dois ossos (arco zigomĂĄtico).


O pilar pterigĂłideo inicia-se no alvĂ©olo do 3Âș molar. Passa para o processo pterigĂłide do esfenĂłide pelo processo piramidal do palatino.


Identificando os pilares da face, podemos uni-los, criando os arcos de uniĂŁo:



Na parte palatina também:



 

(OBS.: Identifique na sua apostila essas regiÔes)

 

Agora, para estudar as zonas de fragilidade precisamos dividir a face em trĂȘs terços (vou usar uma foto minha, para que vocĂȘs nĂŁo fiquem com muita saudade):


1)

2)

3)


Destes trĂȘs terços, o que consideramos o mais frĂĄgil Ă© o terço mĂ©dio:


Sendo o terceiro tipo de fratura mais comum no esporte justamente a fratura nasal (COTO, 2010).


Na maxila, a proximidade da raiz (ou raĂ­zes) Ă© algo a ser considerado uma vez que Ă  medida que os dentes se distanciam da linha mĂ©dia, se tornam cada vez mais prĂłximos de regiĂ”es como o seio paranasal, que por ser “oca” nĂŁo contribui para resistĂȘncia.


As zonas de fragilidade e fratura na face foram classificadas por Le Fort em trĂȘs categorias importantes:



- Le Fort I: resulta de força aplicada horizontalmente na maxila, que a separa das lùminas pterigóides e das estruturas nasal e zigomåtica.



- Le Fort II:  forças aplicadas numa direção mais superior causam separação da maxila e complexo nasal aderido, do complexo formado pela órbita e estrutura zigomåtica.



- Le Fort III: ocorre quando a maxila é submetida a forças horizontais num nível suficientemente alto para separar o complexo naso-orbito-etmoidal, os zigomas e a maxila da base do crùnio, o que resulta na chamada disjunção crùnio facial.



Na mandíbula, regiÔes como colo de mandíbula, ùngulo de mandíbula, forame mentual, e processo coronóide são consideradas frågeis e mais propensas a fraturas (MILORO, 2004).


Veja como as linhas de fratura mais comuns na mandĂ­bula sĂŁo perpendiculares Ă s zonas de resistĂȘncia que esse osso apresenta. Nos exames complementares podemos perceber essas fraturas dessa forma:







Quando consideramos fraturas de cĂŽndilo podemos procurar por:

1- EvidĂȘncia intra ou extra-oral de trauma na regiĂŁo sinfisial.

2- Desconforto localizado ou edema na regiĂŁo preauricular.

3- Desvio do queixo Ă  abertura da boca para o lado da fratura.

4- Mordida aberta contralateral Ă  fratura.

5- Sangue ou inflamação dos tecidos do conduto auditivo externo.

6- Dor ou defeito de degrau à palpação local.

7- Movimento nĂŁo palpĂĄvel na ĂĄrea condilar durante a abertura da boca.


As fraturas mandibulares são descritas como favoråveis quando a musculatura tende a trazer um fragmento contra o outro a reduzindo; e são definidas como desfavoråveis quando os fragmentos tendem a ser separados pela ação muscular.


Quase todas as fraturas do Ăąngulo sĂŁo horizontalmente desfavorĂĄveis devido a ação dos mĂșsculos masseter, pterigĂłideo medial e temporal, levando a uma tração com deslocamento do segmento proximal Ă  fratura. As fraturas verticalmente desfavorĂĄveis frequentemente envolvem o corpo; sĂ­nfise e parasĂ­nfise; o seu deslocamento depende da ação do mĂșsculo milohioideo.


E agora, no caso de uma fratura na face? Em qualquer uma dessas regiÔes... qual seria a nossa conduta?



 

ReferĂȘncias


Coto, Neide; Meira, Josete; Dias, R. Fraturas nasais em esportes: sua ocorrĂȘncia e importĂąncia, RSBO, 7(3), 2010.


Livro: Namba, E; Padilha, C. Odontologia do Esporte, um novo caminho, uma nova especialidade: Ed. Ponto, FlorianĂłpolis, 2015 (CapĂ­tulo 10)


Livro: Dias, R; Coto, N. Odontologia do Esporte: uma abordagem multidisciplinar: Ed. Manole, SĂŁo Paulo, 2016

 
 
 

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